quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Preconceito em Portugal

"Tristes tempos os nossos em que é mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito." (Albert Einstein)


Pensei muito antes de fazer esse post, quase desisti do assunto, mas ontem eu li um relatório importante sobre o tema, então resolvi escrever.
No pouco tem que ficamos por aqui, infelizmente, foi possível notar o preconceito que existe em Portugal. E o relatório da FRA (Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia - European Union Agency for Fundamental Rights) não me deixa mentir.
Segundo esse relatório, 74% dos brasileiros entrevistados aqui em Portugal já sofreram algum tipo de preconceito, seja por raça, nacionalidade, gênero, idade e por aí vai...
Particularmente, eu e o Érico não sofremos tanto com isso, não sei se por termos um biotipo mais  parecido com os europeus (antes de abrirmos a boca com nosso sotaque paulista, pois somos muito branquelos, mas muito mesmo, infelizmente... com o cabelo castanho. Um senhor no supermercado até achou que eu fosse francesa), ou se por estarmos casados e juntos aqui... o máximo que sentimos algumas vezes foi um pouco de hostilidade das pessoas mais velhas que não gostam de brasileiros.
Mas outros imigrantes que tivemos contato sofreram muito com isso. Uma outra doutoranda, a qual eu fiquei muito próxima aqui, passou por maus momentos. Ela é casada (mas o marido está no Brasil), doutoranda da UFRJ e contribui para pesquisas importantes dentro da FIOCRUZ, mas também é mulata e carioca. E por esses últimos motivos já foi chamada de prostituta, sendo abordada dentro um ônibus urbano como tal por senhores portugueses e tendo seu contrato de locação de um apartamento negado por não provar que não era prostituta (apesar de toda a documentação da Universidade do Porto). Ela também foi abordada por homens que passavam, sendo chamada de "Sapatão" no meio da rua, quando praticava sua corrida e usava um conjunto de moleton. E mesmo estando fora de Portugal, em uma viagem a Paris, ela foi hostilizada por duas mulheres portuguesas, dentro de um restaurante, onde disseram que "odiavam brasileiras".
E eu gostaria que fossem só esses os casos de preconceito com pessoas conhecidas aqui, mas vão muito além. 
O último caso que fiquei sabendo foi de um outro doutorando, médico e colombiano, que foi agredido fisicamente pelo segurança de um bar, enquanto ele falava em castelhano com outro colombiano. O segurança deixou bem claro que odiava "espanhóis" que vem para Portugal e que eles nem se dão ao trabalho de falar português. O detalhe é que esse doutorando fala português... e foi parar no hospital por estar falando sua língua materna com um colega.
Felizmente, dentro da universidade eu não senti preconceito algum e não fiquei sabendo de nenhum caso. Essas situações ocorreram no dia-a-dia dos meus colegas, fora da universidade.
Eu não quero deixar nenhum brasileiro revoltado ao contar esses casos, muito menos quero ofender algum português. Só quero expor a situação que algumas pessoas podem encontrar, já que essa é uma situação real e muito triste.
Espero que em um próximo relatório da FRA a situação já esteja melhor.

4 comentários:

  1. Camila,
    este post não tem como não comentar... vários pontos q podem ser discutidos, mas vamos a alguns.
    Se vc está aí há pouco tempo, eu q passei dias então, nem conta, mas tive uma conversa forte com o organizador do evento em q fui, português nativo, sobre a consciência dos portugueses sobre o q "fizeram com o brasil" e, entre os pontos q decorreram da conversa, veio este sobre eles sentirem a situação de crise em q se encontram e o medo de brasileiros irem para aí "tomar seus empregos", por exemplo.
    Quanto a prostitutas, na Espanha a situação é igual ou pior, em relação a nós brasileiras.. :S e de cor/raça, uma colega minha q estava estudando na Espanha foi visitar a Inglaterra com amigos, entre eles alguns morenos/mulatos, ele não só não entraram no país como ficaram presos!!! até serem enviados de volta à Espanha. Não tiro o peso do preconceito português, mas reitero q, em relação a brasileiros, mulatos, negros e td mais, ainda há muuuito q se mudar neste mundo, mesmo nos países mais avançados e de culturas mais abertas.
    Por outro lado, é muito interessante q, no final do ano, enquanto estava em Santos, saiu uma pesquisa sobre o preconceito dos santistas, principalmente em relação a nordestinos, que, diga-se de passagem são normalmente mais morenos que os sulistas, entre outras diferenças culturais. Não sei se vc sabe, mas Santos, ao contrário do interior, é lotada de descendentes de portugueses, é o que mais tem. Agora vc escrevendo este post, me faz pensar que esta situação santista não é a toa, e pode ser mais uma herança de seus colonizadores. interessante!!
    enfim, era só pra opinar aqui...rs.. qndo vcs voltarem, discutimos mais o assunto tomando um vinho! ;)
    continuem com sorte por aí!!

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  2. Ahh não pode!! na semana em que recebo minha carta de aceitação para o Mestrado na UCP...campus da Foz..vc faz logo dois posts com pontos negativos? rsrsrs Pois é..será que aguento dois anos por aí...? Estou muuuito feliz!! se você puder me dar mais dicas...vou agradecer eternamente. Estilo..que bairro eu moro? rs
    A Universidade Católica é tão boa quanto a reputação? Emprego é mesmo mt dificil? Ai..quantas dúvidas!! Quantas coisas novas! Por aih como andam? beeejus!

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  3. Olá Camila!Meu nome é Márcia e acompanho teu blog há algum tempo, sou gaúcha, Pelotas, e penso em estudar em Portugal, no meu caso, há um porém, sou surda.Como tratam,os portugueses, pessoas portadoras de necessidades especiais?Um abraço!Márcia Duarte(mds-entreoutrascoisas.blogspot.com)

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  4. meninas, obrigada pelos comentários. Eu fico à disposição para qualquer outra informação que precisarem. Meu email/msn: camiladearaujoARROBAgmail.com
    beijo para vocês

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